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Pontos nos ii           

 Um espaço de partilha de palavras e de estados de alma

Contribuição da Profª Sílvia Santos

Contribuição da Profª Sílvia Santos

6º ano
 turma D
Ana Cazacu

This is a great place to tell your story and give people more insight into who you are, what you do, and why it’s all about you.

Concurso de poesia de 2º ciclo - Ano letivo 2017/2018

O meu irmão

Tenho um irmão

pequeno e belo, 

olhos azuis

cabelo castanho,

pele reluzente e branca.

Este é o meu irmão!

A nossa relação é

muito apropriada:
eu olho para ele,

ele olha para mim

e começamos a rir

à gargalhada!

Este é o irmão que amo!

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A maior flor do mundo

de José Saramago 

Livro recomendado para o 4º ano de

escolaridade, destinado a leitura orientada.

E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?

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Companheira do sol e das raízes, cheguei à grande cidade. Numa mão levava o diploma, na outra, o medo. O resto era a história antiga da minha solidão e da minha esperança…

A escola que me deram não era um desses poéticos lugares, brancos e cheios de flores com que sonhamos no fim do curso: era um velho primeiro andar, de uma rua suja de sal, pregões e humidade. Os rapazes que me deram também não tinham nada de comum com esses meninos de bata branca, normais, nos primeiros dias de aula, e que as mãezinhas nos entregam como se fossem de porcelana.

Lembro-me desse nosso primeiro encontro, tão comovidamente, que receio não encontrar a palavra exata para o esboçar.

Abri a porta e eles entraram. Eram quarenta e cinco e faltavam carteiras. Faltavam muitas carteiras, mesmo quando os sentei três a três e pus cinco na mesa que me destinaram para secretária. O diretor chegou e disse: — Este é o seu reino e aqui tem os seus «meninos». E sorria. — Se tiver sarilhos — há de tê-los, mas não estranhe — a esquadra da polícia fica no fim da rua. E eu estou ao seu dispor. Para as necessidades imediatas, aqui tem isto. Tem de escolher desde o princípio: ou a Senhora, ou eles. Sem complacências, se quiser sobreviver. Lamento dar-lhe a escória. Mas, paciência.

Desceu a escada.

E eu fiquei ali, face à nova aventura.

O silêncio que me envolveu era um silêncio pesado, expectante. E, no meio do silêncio, eles ali estavam, na manhã que nascia. Esculpidos em vento e mar. Vinham dos barcos ancorados no cais, do bairro de lata, de sabe-Deus-donde. Traziam nas mãos, em vez de mala e livros – não sei porquê, mas traziam – folhas de plátano e ramos de amendoeira florida. O outono dourava-lhes os cabelos. Eram sementes vivas da mais autêntica liberdade e não sabiam nada de preconceitos, nem de palavras, nem de coisa nenhuma.

Olhei-os também em silêncio. Um por um. Longamente. Depois, peguei na régua que o diretor acabara de oferecer-me como apoio e dei-a ao que me pareceu mais velho: Toma! Vai atirar fora. E depois, não sei o que lhes disse. Mas a fome de ternura era neles como o sol, a chuva e o desconforto. E como éramos primários, pobres e sozinhos, estabelecemos desde aquela hora um entendimento lúcido e discreto.

E foi assim que ficámos solidários e Amigos – Para – Sempre.

Aprendi então que a Verdade é uma palavra real.

E a Lealdade, também.

Depois, muitos vieram: da Europa, da África, das ilhas perdidas do Atlântico. Mas ali, na escola húmida e despojada, é que aconteceu o milagre que nunca mais se repetira.

Tenho-me perguntado muitas vezes porquê. E cada vez vou tendo mais a certeza que o excesso de conforto destrói o Rosto Iluminado do Homem. Aqueles não tinham, não esperavam, nem pediam nada: por isso, estavam disponíveis para tudo. Os passeios que demos, as notícias que comentámos, os poemas que lemos, a vida que conscientemente os ajudei a desventrar, foram a sua primeira riqueza e fizeram crescer na «escória» uma branca flor de fraterna alegria.

Foi como se um vento de loucura nos tivesse perturbado a todos, e o mundo estivesse suspenso do que fizéssemos. E nas paredes sujas da sala, pintámos o sol e pássaros verdes. E nos buracos dos tinteiros partidos nasceram flores. Eles eram a Terra quente e aprenderam a amá‑la também. E a pobreza que os esboçava começou a ser um pretexto, não para a sua derrota, mas para a sua dignidade e a sua força.

A alegria daqueles rapazes contagiava os indiferentes e as pessoas, muitas, muitas: poetas, professores, pintores, operários, sentiam que junto deles as manhãs eram mais claras e a fome mais terrível. Hoje, alguns serão operários honestos, ardinas apressados, vendedores ambulantes; outros serão marinheiros, outros, sei lá o que serão! Sei lá o que a vida fez deles!

Estas páginas são uma homenagem que lhes devo. Guardei-as, dia após dia, ano após ano, até os perder nos novos caminhos que tive de pisar, como um testemunho. Oxalá alguns deles possam ler estas linhas e reencontrar-se nelas.

Não eram génios, nem poetas, nem meninos-prodígios. Eram filhos de pescadores, de varinas, de ladrões-de-coisas… essenciais-ao-dia-a-dia. Moravam em casas com buracos e dormiam nos barcos, no vão das portas, nos degraus da doca, em qualquer sítio. Alimentavam­‑se de um bocadinho de pão, de um peixe assado e às vezes de água. Apenas. Tinham oito, nove, dez, onze, quinze anos, mas conheciam as mil maneiras de escapar aos polícias, de viajar de borla, de sobreviver. Os dias eram-lhes duros e comprados com muita coragem e destemor. Por isso custei a entender – ENTENDI!? – como a Poesia foi para eles tão violenta e tão fácil. Pediam para fazer poemas, como quem pede o pão da fome. A princípio a medo, ingénuos. Depois, a mergulharem na aventura da palavra com uma dor e uma lucidez já adultas.

Quando expus a primeira coletânea de textos destes rapazes, ilustrados por alguns dos nomes mais válidos da nossa pintura, o ambiente que cercou a exposição, ao verem a idade dos autores, foi de suspeita e dúvida. Quando eles apareciam, desgrenhados e sujos – a hilaridade era quase completa. E eram eles que me confortavam, soberanos: —Deixe lá. Têm a cabeça cheia de vento. Não percebem nada.

E ficava tudo certo, outra vez.

Mas ensinaram-me que, quando se é humilhado naquilo que em nós é claridade e certeza, aprende-se mais depressa o sentido exato da liberdade, da paz, do ódio, do amor e do ridículo do quotidiano. Eles revelaram-me que a miséria transforma as crianças, mais que os adultos, em anjos implacáveis de lucidez, e que a fome os ateia e lhes faz crescer nos olhos brancas e terríveis asas de sonho ou destruição.

E há, nestes anjos de fogo, uma voz oculta e violenta em que é preciso, é urgente, meditarmos. Ela pode denunciar, construir ou semear a alegria, a vergonha ou o remorso.

Ela pode ser a semente da Esperança, da Paz entre os homens.

Ela pode ser o ódio.

Ela pode ser o Amor.

Maria Rosa Colaço

in https://contadoresdestorias.wordpress.com/2016/11/13/a-crianca-e-a-vida/#more-3857

A criança

e a vida

Porque é sempre tempo de amar..

Não posso adiar o amor para outro século

não posso

ainda que o grito sufoque na garganta

ainda que o ódio estale e crepite e arda

sob montanhas cinzentas

e montanhas cinzentas

 

Não posso adiar este abraço

que é uma arma de dois gumes

amor e ódio

 

Não posso adiar

ainda que a noite pese séculos sobre as costas

e a aurora indecisa demore

não posso adiar para outro século a minha vida

nem o meu amor

nem o meu grito de libertação

 

Não posso adiar o coração

 

[António Ramos Rosa (1924-2013), Viagem Através duma Nebulosa. Ática, 1960]

 

   Bullying

Bullying provém do anglicismo

Expressão fashion em evolução

Que alimenta o ego e o cinismo

De quem pratica com egoísmo

Comportamento de intimidação

Bullying, um problema mundial

De pura regressão intelectual...

É um ato desumano e violento

Mal que se tornou um tormento

Causando dor sem razão

Bullying é agressão

Física e psicológica...

É motivo de preocupação

mais um erro de evolução

Humana e tecnológica.

Bullying, ganha dimensão...

Por culpa daqueles que lhe dão

Os tais bravos por injúria...

Fazem-se santos lá em casa

trocam o diálogo pl'a raiva

Quando soltos na rua.

Bullying, atitude irracional

Fazendo da vítima vassalo

Potro que quer ser cavalo

Não passando de burrinho

 

Bulliyng, mau comportamento

Que provoca o isolamento...

A quem sofre um dano absurdo

Pior é quem vê e consente...

E que ajuda a plantar a semente

Alastrando raízes pl'o mundo.

Bullying, fruto estragado

Da árvore da amizade

É necessário abaná-la...

Pra que caiam os podres.

Bullying, fase de declínio

De humano pra desumano

Usa a violência por encanto

É paixão de malandro...

Que anseia pl'o domínio.

Estejam de olho pra evitar

o bullying no agrupamento

Do Ancão ao Patacão

e de Marchil a Montenegro.

Meus amigos, estou de partida

Peço-vos que lutem pl'a vida

De quem está em sofrimento.

É um pedido encarecido

Que espero ver resolvido

Onde for possível vê-lo.

Adeus e obrigado...

Um abraço do contínuo

Que por vós tem lutado.

                  Francisco Mendonça

 

A inspiração aparece, muitas vezes, de quase nada. Ou melhor, aparece a quem "nada" diz tanto...

É um olhar, um sentir, um observar diferente e interessado que são a chama que leva à criação.

Assim foi o que aconteceu ... quando alunos e docentes participavam no atelier de Escrita Criativa

Na ponta do Lápis começa a magia, no âmbito da atividade dinamizada pelas docentes da

equipa da biblioteca, Ana Coelho e Vera Lameiro, o Sr. Francisco observava e, com olhos de poeta, 

registou o momento:

Uma breve representação

Um subtil toque d'arte

Cumpre a sua função

Ao poder elucidar-te

Pequenos gestos e palavras

Fazem-nos perceber...

Que no mundo onde vivemos

Temos força pra vencer

Não te deixes ir abaixo

Com ínfimas palavras...

Dá a volta, sai de baixo

Pra delas não seres escrava

Somos todos bonitos                                                                             

Apesar de diferentes

Não lhes deem ouvidos                                                                                    Francisco Mendonça

São defeitos da gente.                                                                                                                         2017

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