"Quem defende que as crianças têm de trabalhar mais, depois de um dia inteiro na escola, esqueceu-se do que é ser criança"
Entrevista a Cesar Bona, professor espanhol, eleito um dos 50 melhores do mundo
Entrevista publicada na VISÃO 1250
Jornalista
Saltou para a ribalta ao ser considerado um dos 50 melhores do mundo pelo Global Teacher Prize, uma espécie de prémio Nobel da Educação. Aos 45 anos, o espanhol Cesar Bona quer avisar o mundo que ser professor é um privilégio. Afinal, se uma pessoa tiver paixão pelo que faz, mais facilmente imprime esse gosto nos outros.
Em Portugal para promover o seu mais recente livro A Nova Educação, este maestro, que em castelhano designa o professor dos primeiros anos de escolaridade, assume que, além de ensinar, a escola também existe para educar os adultos de amanhã, para os estimular a querer viver num mundo melhor.
"O importante é promover a cooperação, educar por empatia", salienta. Oriundo de uma pequena aldeia perto de Zaragoza, filho de um carpinteiro e de uma dona de casa, o professor que sabe de onde vem, e para onde vai, diz que foi o destino que o pôs neste papel: "Quando era mais novo queria ser futebolista."
Porque diz que ser professor é um privilégio?
Todos os dias são um desafio e também uma grande responsabilidade. É um privilégio porque podemos convidar as crianças a olhar para o mundo à sua volta e a tentar melhorá-lo. Para mim, ser professor não é só abrir um recipiente e enchê-lo de conhecimento. É a possibilidade de estimular a ser melhor e a querer mudar o que o rodeia. É também uma grande responsabilidade porque essa marca fica para sempre sobretudo quando se é o professor referência, o primeiro contacto com a escola e a aprendizagem. E se aqueles alunos se vão lembrar de mim para toda a vida, quero que seja uma lembrança positiva.
É o mesmo lema do Homem-Aranha: "Com um grande poder vem uma grande responsabilidade."
É por aí, exatamente. O professor tem esse poder imenso nas mãos: imprimir a melhor mensagem possível em milhares de crianças que lhe passam pela frente.
O que valoriza mais na sala de aula: que aprendam, que fiquem curiosos e queiram saber mais, que sejam pessoas bem formadas?
Há de facto muita coisa que hoje recai sobre a escola. Mas o desafio é esse: ensinar-lhes o que precisam, estimular-lhes a curiosidade para gostarem de aprender e irem à procura de mais conhecimentos, e ainda formar boas pessoas, gente que trate bem os outros, que respeite o meio ambiente, que tenha responsabilidade social.
Ter paixão pelo que faz é meio caminho andado?
Paixão e esperança. Se convives com quem está cheio de esperança na sua essência, porque as crianças são os adultos de amanhã, são ambas imprescindíveis. À mistura com a curiosidade e a criatividade, as possibilidades que se apresentam a um professor para provocar alterações nas vidas dos seus alunos são imensas. Temos de ensinar muitas coisas, mas temos de ser um abre-portas, para que todos tirem a curiosidade da caixinha e a ponham ao seu serviço, para que seja o motor do seu dia a dia. Uma criança que gosta de aprender vai fazê-lo a vida toda. Estimulando a curiosidade das crianças, alimenta-se ainda a criatividade, muito importante para resolver problemas e encontrar caminhos novos quando já ninguém sabe o que fazer. Porque lhes permite ver as coisas de outra maneira.
Parece então que subestimamos constantemente as crianças...
Sim, em todos os sentidos. Eles têm imensas coisas que podem partilhar connosco e não valorizamos. A nível social, isso também acontece. Faz falta perguntar às crianças como mudavam um parque, que alterações gostariam de ver no bairro onde vivem, o que gostariam que acontecesse para melhorar a vida dos outros. Quando uma pessoa arrisca fazê-lo, os resultados são sempre surpreendentes.
Regra número um: nunca esquecer a criança que há em nós. É isso?
Nunca. Nas crianças está toda essa maleabilidade, esse olhar sem preconceito, sem ideias feitas. Isso permite compreendê-las melhor e ajudá-las no seu percurso. Ao colocarmo-nos ao seu nível, olhos nos olhos, tudo fica mais fácil.
No livro A Nova Educação, alinham-se ideias como "Não faço nada de extraordinário, apenas me divirto na sala de aula" ou ainda "Sou professor mas não sei tudo. Vocês também podem ensinar-me". Como é que se faz isso ?
Quando me divirto, desfruto. E isso é muito importante porque à minha frente estão pessoas que, durante toda a infância e adolescência, não podem mudar de vida, como um adulto faria. Estão ali e têm de ali estar, na escola, na sala de aula, diante do professor. Daí a grande responsabilidade: conseguir que tenham ganas de voltar no dia seguinte. Todos os dias, aqueles miúdos são obrigados a estar sentados durante seis horas, apenas a escutar e a repetir, e isso é aborrecido para qualquer um. Para um adulto também, não?
Imagino que o desafio seja maior por vivermos numa zona do globo mais envelhecida e onde as crianças são cada vez mais raras e crescem superprotegidas...
É importante não cair nesse equívoco: nem sempre tudo corre bem e é importante ensiná-las a lidar com a frustração. É assim que se estimula a resiliência na circunstância em que você é diferente de mim, e temos todos de aprender a respeitar essas diferenças.
Como se educa para a cooperação e não para a competitividade se vivemos num mundo cada vez mais competitivo?
Daí a sua premência. Porque uma das maravilhas da escola é que ela pode mudar a sociedade. Se acreditamos que é a chave para mudar o mundo, então temos de educar para a cooperação. A escola é o lugar ideal para promover o que queremos para o mundo em que vivemos.
Muitas famílias mudam os seus hábitos e a suas rotinas por força das aprendizagens que os filhos trazem da escola: alteram o que compram, passam a fazer reciclagem... Imagine--se isso replicado por milhares de casas, em todo o mundo. É um poder extraordinário à nossa disposição.
A crise perturba esse processo? A escassez torna-nos mais competitivos?
Depende. Temos vivido em crise nos últimos anos, mas isso não nos tornou menos sensíveis, por exemplo, à questão dos refugiados. As crianças, e as escolas, têm promovido os valores da solidariedade com quem tem menos insistindo que juntos somos todos mais fortes. Claro que tanto podemos instigar uma criança a ter uma nota melhor do que a do companheiro como podemos estimulá-la a ajudar o outro para os dois terem notas melhores. Depende do que queremos.
E os pais, preocupados com o sucesso do seu filho, não perturbam esse processo?
Às vezes penso que temos de nos reeducar todos. Claro que cada pai quer o melhor para o seu filho. Mas às vezes o melhor para um filho é dar um passo atrás para ajudar o colega do lado e depois seguirem os dois em frente. Melhoramos a sociedade sempre que ajudamos um companheiro. E é uma maneira maravilhosa de aprender: aquele que ajuda o outro sente-se depois tão bem, tão orgulhoso, que nunca mais esquece o que se tratou ali. É disso que se trata: somos seres sociais, não podemos continuar a ensinar como se fossemos indivíduos que vivem isolados.
Ainda ouvimos muitas vezes que a escola ensina, a casa é que educa. O que pensa sobre isto?
Temos de apagar isso do discurso da educação. A casa e a escola são parceiros num projeto educativo. Há um ditado africano que diz que é preciso toda uma aldeia para educar uma criança e a escola é o melhor lugar para ajudar os pais a educarem os seus filhos. A aula funciona como uma espécie de micro sociedade. Se queremos mudar a sociedade, então devemos promover também essas alterações na sala de aula.
Recentemente, cresceram as críticas a uma instituição que está igual ao que era há 150 anos. Porque é que a Escola resiste tanto à mudança?
É uma forma de nos sentirmos mais tranquilos. Queremos educar os nossos filhos como fomos educados, esquecendo todas as transformações que o mundo conheceu. Há ainda um outro fenómeno: aplaudimos os exemplos de fora, mas não aceitamos mudanças cá dentro: por exemplo, a escola finlandesa anunciou que acabou com as paredes e todos aplaudem. Se eu, aqui, quiser derrubar um muro que seja, já me acusam de estar a querer fazer uma revolução. As escolas estão organizadas como fábricas, como locais de trabalho. Penso que quem desenha escolas devia saber tanto de arquitetura como de crianças. O meu objetivo é que, ao fim do dia, quando vão para casa, todos reflitam sobre o que aprenderam e como vão utilizar essa aprendizagem.
E tem sempre autonomia para fazer isso?
Nem sempre e não é fácil. Mas os professores têm estado muito à defesa. Optam demasiadas vezes por fechar a porta da sala, proclamando que a aula é deles e portanto fazem como querem. Defendo o contrário: deixar a porta aberta. Prefiro sempre partilhar o que faço. É neste processo que descobrimos que não somos ilhas e não estamos sozinhos na difícil tarefa de educar os outros.
Polémicas de Portugal que se repetem em Espanha. Como vê a questão dos TPC?
Quem defende que as crianças têm de trabalhar mais, depois de um dia inteiro na escola, esqueceu-se do que é ser criança e como, quando era mais pequeno, gostava de aprender mas também de estar com a família e de brincar. Eu gostava de ir ao parque e ao rio. Hoje, há milhares de crianças a fazer deveres horas a fio, depois da escola, até à hora do jantar. E não têm culpa que os currículos escolares sejam tão compridos. Todos os dias, segunda, terça, quarta, quinta, sexta. Quem é que, depois disto, tem vontade voltar de ir para a escola no dia seguinte e aprender? Os TPC são uma prática ultrapassada.
Mas esteve contra a greve aos TPC, que os pais promoveram em Espanha?
Sim, porque uma greve implica estar contra alguma coisa. No caso, opõe pais a professores, e eu acredito que esse caminho deve fazer-se antes pelo diálogo. Devemos pensar como chegar a um acordo, tendo em conta que no centro está a criança e temos de pensar é no que é melhor para ela. Sabemos que a força dos TPC e da obsessão dos resultados escolares assenta também no impacto que têm na elaboração de rankings de escolas... Vemos o que está a acontecer com o PISA: Parece uma competição desportiva. Ah, Espanha ficou em quinto lugar, ah, Portugal está à frente. E o quê? O que quer isso dizer? Qual o impacto disso? E tem muita importância para quem? Para os governos. Sei que Portugal melhorou mas Espanha está na mesma, em 15 anos a avaliar as competências matemáticas, científicas e domínio da língua materna. Então e a respeitarnos uns aos outros? E a ter consciência ambiental? E ser tolerante com o diferente?
E é possível manter essa aposta numa educação diferente mesmo com as piores turmas?
Sobretudo bom, e não dividiria as turmas em piores ou melhores. Há turmas menos fáceis, geralmente constituídas por crianças que têm milhares de razões para estarem tão descontentes, tão revoltadas. Primeiro, temos de tentar saber o que passam, nas horas em que não estão ali, e temos de ver isso como um investimento. Para lhes ganhar a confiança, o respeito e depois arrancar a alta velocidade para as outras aprendizagens.
Soa a provocação...
E é, um bocadinho. Mas a verdade é que todos temos algo para oferecer. Se nos focarmos no mal, só vemos o mal. Se desviarmos a atenção para o bom, então esse valor vem ao de cima. Estimula a sua autoestima e isso pode fazer maravilhas no futuro.
Entrevista
Mário Cordeiro: “O narcisismo é a grande doença social de hoje, e há muita gente que não o consegue ultrapassar”
"Uma criança que cresça com valores e princípios, limites e amor, mesmo que a determinada altura seja chamada pelo 'lado negro da força', tem uma capacidade de se levantar muitíssimo maior", diz o pediatra, em entrevista à VISÃO
Entrevista publicada na VISÃO 1240 de 8 de dezembro
Jornalista
Sentado num cadeirão do seu consultório, em Lisboa, o conhecido médico segura, orgulhoso, o seu mais recente livro: "Os nossos adolescentes e a droga". É o 35º, contabilizando os que partilhou a autoria, em mais de 30 anos de dedicação às crianças e à promoção da saúde uma produção num ritmo alucinante, associada aos cinco filhos e à atividade médica. Aos 61 anos, não é a primeira vez que Mário Cordeiro escreve a pensar na segunda década de vida dos mais novos, a fase em que se desenvolvem as melhores ferramentas para enfrentar o futuro com mais segurança e resiliência. Desta vez, quis fazer uma espécie de manual para pais, com contexto, glossário e experiências contadas na primeira pessoa para esclarecer dúvidas que possam surgir sobre as diversas drogas, álcool incluído.
O objetivo, sempre, é informar. Porque mais vale prevenir do que tratar.
Já tinha escrito sobre adolescentes. O que o fez voltar ao tema?
Achei que valia a pena revisitar este tema porque deixou de se falar nele. Mas [o problema] existe. Há uns anos, verifiquei que o consumo comparado entre alunos da escola privada e da pública eram similares, o que contraria a ideia de que uns estão mais protegidos de determinadas experiências. O que faz sentido, se pensarmos bem nisso: um dealer vai investir mais junto de um público que tem mais dinheiro, certo?
A dada altura, lê-se: "Educar não é difícil, é ter momentos terríveis." É isso que os pais de adolescentes devem esperar?
Os adolescentes trazem muitas alegrias e muitas dores de cabeça, no sentido de termos muitas dúvidas. Mas isso acontece a nós e a eles, porque o processo tem dois lados. O mais comum é, a partir de um sentimento de frustração, haver birras e não saber geri-las. E isso, claro, também acontece na adolescência. Um filho dá--nos recompensas extraordinárias, mas também imensas dores de cabeça. Além disso, idealizamos sempre os nossos filhos, e às vezes esquecemos que eles têm de fazer o percurso de vida deles.
Eles não são nossos. Podemos ser uma espécie de polícias-sinaleiros a indicar o melhor caminho, mas o automobilista é que decide se vai por ali ou não. E às vezes os filhos desiludem-nos, fazem escolhas que não faríamos e nem sempre é fácil lidar com isso. Tantas vezes oiço de alguns pais: "Mas nós demos a melhor educação, o máximo de carinho...", quando descobrem que o filho anda a mentir ou a consumir tabaco e álcool e tem só 13 anos. Ao que respondo sempre que isso não é um passaporte para tudo. Há diferenças tremendas até entre irmãos. O melhor é dar o exemplo do que é o respeito, a ética e a disciplina, em vez de andarmos a dar sermões.
Uma criança que cresça com valores e princípios, limites e amor, mesmo que a determinada altura seja chamada pelo "lado negro da força", tem uma capacidade de se levantar muitíssimo maior do que se não tiver azimutes nenhuns.
Isso leva-nos à ideia da criança-rei que se torna o adolescente tirano. As questões que se levantam na adolescência têm sempre a génese na infância?
O narcisismo é a grande doença social de hoje, e há muita gente que não o consegue ultrapassar. É uma fase que a criança começa aos 15 meses, quando já tem uma imensa autonomia e percebe que os outros podem ser manipulados, e passa a agir de acordo com a ideia do "quero tudo já". Só com limites é que vai perceber que terá de trabalhar para conseguir o que quer. Há depois uma terceira fase, quando percebem que não são deuses e passam à condição humana, em que agradecem não ter tudo, para assim apreciarem melhor a conquista. A liberdade, a verdadeira liberdade, reside na escolha, em ter de escolher.
É por isso que a superproteção leva a excessos?
Claro, porque não se permitem as escolhas. Cada um precisa de saber os seus limites. Muito importante também é estar informado, porque isso pode ajudar a escolha. Reparamos hoje que há overdose de informação mas, ao mesmo tempo, falta de conhecimento. Outro problema deste viver muito fugaz é a falta de sabedoria. Porque a sabedoria exige tempo, reflexão, e esse processo é muito lento, não pode ser tudo no calor do momento. Se queremos tudo já, saber tudo já, isso muitas vezes armadilha-nos.
É isso que acontece com a superproteção: os pais tem a informação mas não têm sabedoria?
Sim. Querem respostas rápidas. Sou o maior fã da tecnologia, mas a forma como a usamos tem de ser adequada. É preciso ainda ouvir outros, porque nem sempre o que nos chega é o todo.
Ouvir relatos e experiências muitas vezes ultrapassa a pura informação. Quantas vezes em manuais se escreve "faça-se assim", mas depois a experiência diz-nos algo mais. Veja-se os livros de dietas e afins a prometerem "seja feliz em três dias". Dá-me vontade de rir, porque os próprios títulos matam logo o prazo.
E isso cria ansiedade, claro.
É aquilo a que chamo a "urgentificação de tudo", e vê-se nas idas às urgências, para resolver qualquer problema. Recebo imensas mensagens e percebo que os pais estejam preocupados, mas em muitos casos é preciso saber esperar.
Hoje, sentimos que, seja o que for que queiramos saber, basta fazer clique.
Temos de aprender a abrandar. Este "quero tudo já" pode estragar tudo e não nos deixa apreciar momentos bons.
É o que, depois, na adolescência leva a uma insatisfação imensa...
É. A geração de jovens de que falo no livro nasceu e cresceu com esta ânsia de comunicação e de estar presente, que muitas vezes funde os fusíveis às pessoas, porque faz com que deixemos de saber conviver com a solidão, e isso é indispensável. A realidade ser tão voraz leva a doenças físicas, ao ataque à nossa imunidade, ao aumento do cancro, tudo também muito relacionado com o nosso modo de vida. Tornámo-nos escravos do telefone e deste modo de estarmos sempre contactáveis. Se não tivermos cuidado, deixamo-nos massacrar, e isso vai levar à falta de espaços privados, nossos. Esta invasão constante do telefone, durante as refeições e em qualquer conversa, é o exemplo maior da má educação. É uma fuga ao momento presente. É também isso que leva ao consumo de droga, que começa por não se saber encarar a realidade, não saber apreciar o que há de bom, subvalorizar o que não corre tão bem. Perante uma realidade que se acha horrível, e sem armas para dar a volta, o nosso desejo é de nos eclipsarmos. Se tivermos ao alcance uma substância, seja droga ou álcool, que nos permite fazê-lo, isso é muito tentador.
Quando é suposto falarmos com os nossos filhos sobre droga?
Não pode ser como antigamente, em que os pais sentavam os filhos e lhes diziam que precisavam de ter uma conversa. Não pode ser assim porque não surte efeito é por isso que sou contra a disciplina de Educação Sexual, porque é ridículo que se trate do assunto à terça-feira, das 11 à uma. Pode aproveitar-se um texto de Língua Portuguesa, ou a estatística, na Matemática, para falar de demografia, ou em Ciências, para falar da nossa biologia, ou em História, que é em si um repositório imenso de casos para todos os gostos. O mesmo se aplica às drogas: pode-se falar em vários momentos. Os pais têm de saber comunicar os filhos e têm de estar informados e não podem ficar-se pelo "Ele, ou ela, não fala comigo". Tem é de ser numa linguagem que não seja desconfortável para nenhum dos dois, e tem de ser crível.
Podíamos resumir tudo a duas ideias: "Não vale a pena dizer que a droga mata" e "se experimentares é natural que gostes, mas deixa-me falar do resto." É isso?
Não vale a pena dizer que mata porque, em si, é uma mentira, ou só é verdade a longo prazo. É como os maços de tabaco trazerem inscrito que fumar mata. A frase que mais gosto, mesmo, é "Os fumadores morrem prematuramente", quando o que devia dizer é "Os fumadores têm maior probabilidade de morrerem prematuramente". Aí já não há quem possa argumentar com o tio-avô que fumou cinco maços por dia e viveu até aos cem anos. Já é mesmo preciso pensar se quero aumentar a probabilidade de morrer mais cedo. É o mesmo com a droga. Por isso elenquei no livro os efeitos de cada uma e incluí depoimentos que não procuram julgar pessoas quem sou eu para julgar as pessoas? Às vezes, quem caiu naquele buraco pode ser só alguém que não encontrou na sua rede o suporte para dar a volta aos problemas e encontrar a felicidade em outro lado.
É também a forma de lhes dizer que há um dia seguinte, porque, como vivemos na tal voracidade, falamos demasiadas vezes apenas do hoje. Temos de lhes dizer que o que construímos, no amanhã, depende do que acontecer hoje. É essa pedagogia que muitas vezes falta. Quando falo com os meus filhos para cultivarem a excelência, não é pelas notas em si, mas porque ficam mais bem posicionados para, no futuro, poderem escolher à vontade o que querem.
Fala no desporto, no voluntariado, na cultura. Isso também lhes dá ferramentas para lidar com as adversidades?
Dá-lhes uma experiência de vida muito mais variada. Estas atividades, feitas com gozo, libertam endorfinas, que são as nossas morfinas. Pensar que temos essa possibilidade de nos "drogarmos" sem droga, e que a esquecemos... Quem faz desporto, ou se dedica às artes, ou outras atividades, tem uma probabilidade muito menor de cair nas drogas. E isso faz uma diferença abissal.
Que sinais de risco é que a família deve saber reconhecer para pedir ajuda?
É preciso dizer que não é por se encontrar papel de prata no quarto de um filho que se vai concluir que ele anda a queimar heroína. Se calhar, andou apenas a comer uma tablete de chocolate. Temos de ter noção de que os nossos filhos adolescentes precisam do seu espaço e de refletirem sobre a sua vida. Às vezes há pais que falam com uma ansiedade... "Ele/ela vai entrar na adolescência, não é?!". Costumo dizer que eles não caíram na chaminé, atirados pelo Pai Natal, na véspera. Foram educados por aqueles pais, eles conhecem-nos.
Se fizeram um bom trabalho, podem aceitar esta fase com um mínimo de segurança. Há que acreditar nos filhos, permitir que tenham a sua identidade, e que não pensem exatamente como os pais pensam. Agora, quando o isolamento é exagerado, quando há uma vida seca, amarga, desistente das atividades que são boas, quando as notas caem sem razão aparente (às vezes podem só estar apaixonadíssimos!), aí os pais devem pedir ajuda. E aqui ressalvo: o álcool, e o seu consumo excessivo e prematuro, também é uma droga.
Os consumos dos adultos podem passar mensagens erradas?
Beber um copo por dia, à refeição, não é ter um comportamento de risco.
O problema é o consumo fora de horas, em excesso, e sobretudo para esconder alguma coisa. Uma coisa é beber um copo para acompanhar a refeição, outra é, sozinho, engolir uma garrafa inteira. Falar das coisas com verdade não é torná-las banal. Um pai uma vez disse-me que sentia que não tinha autoridade para falar com os filhos sobre os malefícios do tabaco porque ele também fumava.
Disse-lhe logo que não estava nada de acordo: se a verdade científica é que não faz bem à saúde, se acha que o seu filho não devia fumar, diga-lhe. Diga-lhe até porque começou, mostre-lhe até algumas das suas fraquezas. Queira ou não deixar de fumar, pode na mesma achar que aquilo é errado para o filho e que, se ele o fizer, pode dar cabo da sua saúde. Um pai tem tanta liberdade de escolher como um filho e aí está a dar-lhe armas para escolher. Isso é perfeitamente legítimo.
E isso também se aplica em relação à droga?
Um dos casos que relata no livro é de uma mulher de 50 anos que conta os seus consumos.
Sim, sem dúvida. A essa mulher, as anfetaminas não só lhe permitiam estudar horas a fio, sem dormir, como ainda a faziam emagrecer. Não é por acaso que tinham nomes como Libriu ou Valium, que fazem lembrar liberdade ou valor... Parece que sempre andámos à procura da felicidade sem esforço, não é? Mas digo também que este esforço e trabalho, que é necessário, não devem ser vistos como um calvário, como nos diz a nossa tradição galaico-cristã. Isto não é a via sacra. Trata-se de aprender a gerir a nossa liberdade de escolha. Falamos também muito de litigância ("porque tu não fizeste, não ligaste...") mas dizemos pouco "gosto de ti". Precisamos de fazê--lo com urgência, e sobretudo com os nossos filhos, que não são estranhos. Às vezes, o que se passa é que o filho gosta tanto dos pais que, para se diferenciar, arranja um pretexto qualquer para entrar em conflito. Os pais não podem ceder a essa pressão.
Entrevista
A Escola foi à rua e o
Presidente da Junta de Freguesia de Montenegro veio à Escola
Steven Sousa Piedade cumpre o 3º mandato como Presidente da Junta de Freguesia de Montenegro, eleito novamente, com maioria absoluta (47,72% dos votos). Tem várias metas a atingir, dando prioridade ao estacionamento automóvel, ao controlo da velocidade rodoviária da Freguesia, bem como projetar a Freguesia nacionalmente. As turmas A e D, do 6º ano, saíram à rua nos dias 14 e 20 de novembro, respetivamente, para uma observação no terreno e querem saber qual é o projeto para Montenegro nos próximos 4 anos. Como elementos da comunidade, têm interesse em conhecer as intervenções da Junta quanto ao melhoramento das escolas, caminhos e estradas, jardins, parques infantis e ainda higiene urbana.
- Como já foi professor [de Informática] deve ter interesse em melhorar as escolas. Qual vai ser a sua intervenção na escola sede do Agrupamento?
Presidente da Junta de Freguesia de Montenegro (PJFM) - Isto é uma questão de competências… A Junta de Freguesia (JFM) tem responsabilidade sobre as escolas do Primeiro Ciclo, já a intervenção na escola sede do Agrupamento é só a nível de pequenos arranjos. Por exemplo, uma fechadura estragada ou um vidro partido, a escola compra os materiais e a Junta envia um colaborador para arranjar, se tiver alguém capacitado para tal. O dinheiro para grandes melhoramentos pertence à Câmara Municipal de Faro (CMF) que é enviado para o Diretor do Agrupamento gerir.
- Sabemos que tem investido na higiene urbana, através da colocação de eco-pontos e recipientes RSU (resíduos sólidos urbanos). Não acha que ainda há melhoramentos a fazer nesta área?
PJFM - Há, sim senhor. A FAGAR é responsável pelos RSU e a ALGAR pelos eco-pontos. A FAGAR está a substituir os contentores dos RSU, por outros com a mesma função, mas subterrâneos. E a ALGAR está a fazer o mesmo com os eco-pontos. Mas… aqui entra o problema do civismo, porque há pessoas que passam de carro junto aos caixotes ou eco-pontos e atiram o saco do lixo pela janela para o chão. [murmúrios de desagrado] Também lançámos uma campanha de sensibilização para as pessoas recolherem os ”cocós” dos cães e para vacinar os animais. Só para perceberem... Nós fizemos 120 placas sinalizadoras de acordo com a campanha e roubaram 70. Isto não é fácil! É a vossa geração e a próxima que têm a responsabilidade de, no futuro, melhorar a este nível. Estamos atentos e vamos fazer mais placas… se tiverem sugestões são bem-vindas. É só acederem ao site da Junta e registarem a vossa proposta, ou então através do meu e-mail.
- Quanto ao espaço de terra atrás do Clube de Caça e Pesca, já viu o estado do terreno - lixo espalhado, mato seco e um carro abandonado? De quem é a responsabilidade da sua manutenção?
PJFM - O terreno é privado e pertence a um senhor residente na freguesia que permite a utilização do espaço para se estacionar e circular (e a quem temos de agradecer). O problema é, mais uma vez, a falta de civismo… o lixo não cresce nas árvores… e a autarquia não pode gastar o dinheiro dos contribuintes a limpar terrenos particulares, quando deviam ser as pessoas a não sujarem. Também não podemos nivelar o terreno ou colocar brita pelas mesmas razões.
- Como já foi professor [de Informática] deve ter interesse em melhorar as escolas. Qual vai ser a sua intervenção na escola sede do Agrupamento?
Presidente da Junta de Freguesia de Montenegro (PJFM) - Isto é uma questão de competências… A Junta de Freguesia (JFM) tem responsabilidade sobre as escolas do Primeiro Ciclo, já a intervenção na escola sede do Agrupamento é só a nível de pequenos arranjos. Por exemplo, uma fechadura estragada ou um vidro partido, a escola compra os materiais e a Junta envia um colaborador para arranjar, se tiver alguém capacitado para tal. O dinheiro para grandes melhoramentos pertence à Câmara Municipal de Faro (CMF) que é enviado para o Diretor do Agrupamento gerir.
- Sabemos que tem investido na higiene urbana, através da colocação de eco-pontos e recipientes RSU (resíduos sólidos urbanos). Não acha que ainda há melhoramentos a fazer nesta área?
PJFM - Há, sim senhor. A FAGAR é responsável pelos RSU e a ALGAR pelos eco-pontos. A FAGAR está a substituir os contentores dos RSU, por outros com a mesma função, mas subterrâneos. E a ALGAR está a fazer o mesmo com os eco-pontos. Mas… aqui entra o problema do civismo, porque há pessoas que passam de carro junto aos caixotes ou eco-pontos e atiram o saco do lixo pela janela para o chão. [murmúrios de desagrado] Também lançámos uma campanha de sensibilização para as pessoas recolherem os ”cocós” dos cães e para vacinar os animais. Só para perceberem... Nós fizemos 120 placas sinalizadoras de acordo com a campanha e roubaram 70. Isto não é fácil! É a vossa geração e a próxima que têm a responsabilidade de, no futuro, melhorar a este nível. Estamos atentos e vamos fazer mais placas… se tiverem sugestões são bem-vindas. É só acederem ao site da Junta e registarem a vossa proposta, ou então através do meu e-mail.
- Quanto ao espaço de terra atrás do Clube de Caça e Pesca, já viu o estado do terreno - lixo espalhado, mato seco e um carro abandonado? De quem é a responsabilidade da sua manutenção?
PJFM - O terreno é privado e pertence a um senhor residente na freguesia que permite a utilização do espaço para se estacionar e circular (e a quem temos de agradecer). O problema é, mais uma vez, a falta de civismo… o lixo não cresce nas árvores… e a autarquia não pode gastar o dinheiro dos contribuintes a limpar terrenos particulares, quando deviam ser as pessoas a não sujarem. Também não podemos nivelar o terreno ou colocar brita pelas mesmas razões.
- No nosso percurso, sinalizámos vários espaços de terra (de um já falámos), mas há mais dois: em frente ao Banco Crédito Agrícola [esquina da Rua Júlio Dinis com a Rua Dr. Silva Nobre] e outro ao lado do restaurante “Monte da Ria”. São do município ou privados?
PJFM - Esses terrenos são lotes privados. Nos loteamentos, por norma, os donos dos terrenos têm 10 anos para construírem nesse espaço. Atualmente a legislação é inexistente neste campo, se não limparem ou cuidarem do terreno, não há coimas [multas] para estes proprietários. A JFM não tem competência para notificar os donos, é a CMF que tem de descobrir a quem pertencem os lotes e notificá-los para a limpeza. Após a notificação, e após terem passado 30 dias, poderemos acionar a limpeza coerciva, isto é, a CMF informa-os sobre os custos de limpeza e passado outro período de tempo (não sei precisar qual) a CMF ou a JFM podem avançar com a limpeza desses lotes e, posteriormente, cobrar o custo aos proprietários. Algumas destas lixeiras ao ar livre poderiam ser evitadas se, ao menos, vedassem os terrenos. Tenho apelado nesse sentido... mas não os podemos obrigar.
- E se falasse com os proprietários?
PJFM - Se nós conhecermos os proprietários, até falamos com eles para os sensibilizar…
- Então não é possivel pensar em projetos para esses espaços [desalento]. Há poucos espaços verdes em Montenegro. Tem alguma previsão para se fazer um jardim para a comunidade ter um espaço de lazer?
PJFM - Temos procurado junto da CMF, sensibilizar para a construção de espaços desses e do Pavilhão Desportivo. O espaço, em Gambelas, atrás do “Allô Pizza” é público e, no verão, durante a campanha autárquica, eu solicitei ao Prof. Rogério Bacalhau para tornar aquele terreno um espaço de lazer, fazer uma pista para skate ou patins... um espaço aberto com algumas estruturas, um anfiteatro ao ar livre. Já em Montenegro, não temos zonas para fazer um grande jardim.
- Gostaríamos de fazer uma sugestão: achamos que a nossa escola podia estar aberta ao fim de semana com vigilância municipal, considerando que o espaço exterior é muito agradável. Qual é a sua opinião?
PJFM - É uma boa ideia! Claro que teriam que existir vigilantes (para minimizar o vandalismo), o Agrupamento teria que fazer um protocolo… Por exemplo, a Alameda, em Faro, não tem vigilantes, é um espaço público e aberto. Já a escola tem uma estrutura diferente. A meu ver, o problema reside no acesso às casas de banho, que são no interior do edifício. A JFM já realizou aqui vários “Mercadinhos” de artesanato e esse foi um fator importante que tivemos de considerar. É uma opção a ponderar! É claro que o Agrupamento tem de concordar e seria uma ideia estabelecer um protocolo com a JFM ou com a CMF, onde todos os aspetos teriam de ser acordados, por exemplo, se houvesse algum dano de quem seria a responsabilidade, em que horário poderia funcionar, etc., etc.
- Já pensou em criar casas de banho públicas e bebedouros? E mais parques infantis?
PJFM - Mesmo em frente a esta escola tínhamos um bebedouro e um parque infantil completamente apetrechado e que respeitava os normativos, mas vários alunos desta escola destruíram-no em três semanas… É complicado!… Nós tínhamos 17 parques infantis na freguesia e os que estavam em melhores condições foram destruídos. Se não são utilizados, os cães usam-nos indevidamente [risos] e a “malta” mais velha destrói-os. Se tivéssemos 4 ou 5 parques infantis com bebedouros que fossem muito utilizados, ninguém os partiria. Mas sobre este assunto, a CMF já se ocupou dele e lançou um concurso com um pacote de 150.000 € para arranjos de alguns parques infantis do concelho.
- E sobre criar casas de banho públicas?
PJFM - Vou dar um exemplo: na Praia de Faro temos quatro conjuntos de WC públicos e, aos fins de semana, há sempre alguém que “se entusiasma” [risos]… e parte lavatórios, sanitas e autoclismos. No verão passado, gastámos 7.000€, só a arranjar as casas de banho. Nos jardins, acho que é fundamental ter WC públicos e no espaço de Gambelas, que já referi, poderá passar por se estabelecer protocolos com os restaurantes à volta, para os utentes usarem as casas de banho, ou instalar cabines sanitárias que têm um sistema de autolimpeza, mas onde se tem de inserir uma moeda.
- Na saída que realizámos, detetámos muitas dificuldades na circulação na Rua Bento Jesus Caraça. O que pretende fazer para que os peões circulem em segurança?
PJFM - Permitam-me andar um pouco para trás… em 1980, nada disto existia, a freguesia era bem mais pequena… a maioria das estradas eram em terra batida, havia poucos carros e dava para andarmos de bicicleta sem problemas. Montenegro era meia dúzia de ruas. Onde hoje existem urbanizações, havia muitos pinheiros. Quando Montenegro cresceu, a CMF não usou das competências que devia, por isso, isto é uma manta de retalhos. Há ruas que não ligam e são verdadeiros labirintos. Desta forma, na rua Bento Jesus Caraça, não é possível estacionar dos dois lados e ter ruas de dois sentidos, para as pessoas e carros circularem em segurança. Antigamente, a legislação não obrigava os construtores a construírem garagens para os apartamentos e a maioria das famílias só tinha um automóvel. Hoje em dia, cada família tem dois carros, no mínimo…
A Rua Bento Jesus Caraça não tem passeios, não tem águas pluviais e tem dois sentidos… as carreiras dos autocarros têm dificuldade em passar por lá (a circulação é feita entre Montenegro - Aeroporto - Praia de Faro e vice-versa) e temos a agravante de ter uma paragem no Largo do Povo, que a rede rodoviária “Próximo” diz ser indispensável. A CMF está a fazer um estudo para tornar esta rua de sentido único, ter passeio de um lado da estrada e estacionamento do outro. Temos que estudar a alternativa para a circulação automóvel, ou passar junto ao Continente e em frente à escola, o que iria causar problemas de segurança, ou procurar outra solução. Não vai ser fácil resolver este problema, mas a Câmara já o está a estudar!
- E porque não fazer a circulação a partir da rotunda do Aeroporto até ao Largo do Povo, nos dois sentidos, pela Rua Prof. Dr. Egas Moniz?
PJFM - Não sei… é algo a ver, porque a distância a percorrer pelas carreiras e os automobilistas é maior... Ainda sobre essa rua [a Rua Prof. Dr. Egas Moniz], os moradores queixaram-se de excesso de velocidade e nós já colocámos cinco lombas, agora queixam-se que são demais!... [risos]
- Ficámos entusiasmados com o seu projeto de construir um pavilhão desportivo. Quando e onde?
PJFM - A minha proposta (é o meu 3º mandato e o Pavilhão sempre fez parte dos meus planos) é apoiada pelo Prof. Rogério Bacalhau, para o fazer nos próximos 4 anos. O terreno ao lado desta escola foi cedido ao Jardim-Escola João de Deus e eles têm ainda um ano para construir, até a cedência cessar. Se não, o terreno reverte para a CMF e, a meu ver, é ali o local ideal para a construção do Pavilhão. Mas há muitos “ses”… Poderemos, também, ter de esperar por um novo loteamento. Se gostaram, é só fazer “Like”! [risos]
- Para terminar, tomámos conhecimento que a Freguesia de Montenegro é penalizada por ter o Aeroporto Internacional. Porque é que diz isso?
PJFM - Sobre o Aeroporto… há dois aspetos positivos, um é trazer muitos turistas: agora são mais de 8 milhões os que chegam a este Aeroporto e, para o ano, esperam-se até 10 milhões, o outro é dar emprego a muitos dos residentes na freguesia. O aspeto negativo é ele estar concessionado a uma empresa privada, que tem parques muito caros, não oferece condições acessíveis para os colaboradores estacionarem. Esta situação leva a que os utentes ou passageiros deixem os carros “abandonados” vários dias, semanas ou meses, na via pública. Também há falta de civismo por parte dos transferes e autocarros que estacionam na reta do Aeroporto, ocupando as bermas e, por vezes, com os motores a trabalhar, espalhando gases poluentes, jogando o lixo para as bermas da estrada. Por outro lado, também temos funcionários do Aeroporto sem estacionamento disponível e sem um preço acessivel (5€ por dia). Estes automóveis também invadem as ruas e acessos de Montenegro, deixando os moradores sem espaços. Já apelei aos diretores do Aeroporto para, nos terrenos desocupados, cobrarem 30€/mês aos empregados que ali trabalham e que não têm estacionamento gratuito, este sistema poderia ser gerido pela comissão de trabalhadores do Aeroporto, mas ainda não foi possível um entendimento.
- Agradecemos a sua presença e disponibilidade. Esperamos contribuir para a melhoria da vida em Montenegro.
PJFM - Eu é que agradeço. Espero que publiquem no site da Junta as vossas sugestões e opiniões, para continuarmos a melhorar esta freguesia.
Entrevista realizada no dia 20/11/2017, nas instalações da Escola EBI/JI de Montenegro,
pelos alunos do 6ºA e 6ºD com a coordenação da profª Ana Maria Fevereiro
Articulação interdisciplinar - Português, Educação para a Cidadania, História e Geografia de Portugal, Inglês, Educação Visual e Ciências Naturais (professores: Ana Maria Fevereiro; Maria Prazeres Marques; Alice Oliveira; Aida Dias, Mª da Conceição Ventura)