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"E se fosse consigo?" a série televisiva da SIC, onde neste episódio se aborda os perigos da Internet, que passam para a vida real em encontros marcados às cegas, ou o isolamento social dos jovens hoje em dia que vivem a vida a partir de um ecrã!

Tudo o que escreve no Twitter tem destinatário: os elementos da banda One Direction. Nunca responderam, mas “só de escrever as frases uma pessoa já se sente melhor”. Tal como formular desejos na Fandom da banda ou despejar milhares de caracteres de histórias inventadas com o One Direction Harry contracenando com outras celebridades, no site para jovens escritores Wattpad. As fics (fanfiction) de Marta são de leitura proibida a amigos e família, fintados com nicknames e passwords, embora já tenham ultrapassado as 27.840 visualizações, todas de leitores desconhecidos. Cada um dos 1700 seguidores recebe uma notificação sempre que Marta “lança ao mundo” um novo capítulo, tal como ela (e outros mil milhões de seguidores) foi notificada de cada um dos 300 capítulos da série After, que a americana Anna Todd foi publicando na Biblioteca Virtual, antes de os ler na íntegra no ecrã do telemóvel. E de ter respondido com comentários, sugestões e desabafos, no Wattpad, Fandom, WhatsApp, Instagram, Snapchat ou Twitter, em forma de emojis, abreviaturas ou onomatopaicos, sobre a vida social ou íntima dos One Direction, das amigas ou de si própria.

“Vou de férias mpts (meus putos)” e “Naqueles momentos em que a mãe grita contigo e tu finges que não ouves” são exemplos das frases que Marta lança no Twitter, para depois contar os retweets que provoca, as reacções do género “ahahah”, ou :) (smile), ou mesmo as reaction picture (selfies que as amigas fizeram com a cara com que reagiram ao tweet).

Tudo isto sem sair da cama, no seu quarto, onde é notório que a secretária nunca é usada, enquanto André Nunes, 12 anos, 7.º ano, Parede, Cascais, faz vigílias madrugada fora com dois monitores abertos ao mesmo tempo, um com o jogo multiplayer online League of Legends, ou Minecraft, ou Watchdog, outro com o Skype dividido em cinco chamadas simultâneas onde vai comentando o jogo com os amigos, e talvez ainda um vídeo no YouTube com explicações sobre o jogo, além do Facebook, as sms do telemóvel e provavelmente a PlayStation. Por vezes fica online seis ou sete horas seguidas, com a mãe no quarto ao lado a ameaçar desligar o router e a irmã a queixar-se da sobrecarga da rede que a torna lenta quando ela quer ver um filme no Wareztuga.pt, falar com as amigas no Facebook e constituir família no jogo Sims.

in https://www.publico.pt/2015/04/05/sociedade/noticia/a-geracao-da-net-esta-sem-rede-1691262

Geração desconectada...

Num mundo onde tudo o que fazemos online é registado e vigiado, uma geração totalmente digital será particularmente vulnerável. Em Portugal, onde o hiato entre a literacia informática entre pais e filhos é dos maiores da Europa, a “geração Magalhães” está entregue a si própria.

Marta Gonzaga, 14 anos, 9.º ano, Funchal. Nem precisa de sair da cama. Basta estender um braço para enviar à melhor amiga, por Snapchat, uma imagem sua a acordar, mas só por um segundo, talvez dois, para que a amiga não se fixe nos pormenores. Pode ver um vídeo de cinco segundos de alguém conhecido a lavar os dentes, actualizar fotos de alguns desconhecidos que adicionou no Instagram, congelar num screenshot um momento banal registado do outro lado do mundo. Selfies no Instagram, acha feio. E chat no Facebook é pouco autêntico. “Já ninguém usa o Facebook. Há um ano, sim, mas agora…” A competição pelo número de “likes” é uma infantilidade do passado. Uma obsessão inútil por “ser ou não ser muito popular”. Que importância tem isso? “Tudo é falso no Facebook. Os verdadeiros amigos estão no Twitter. É um ambiente diferente.”

Na rede

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