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EM BOM PORTUGUÊS

Devido ou Derivado?

Estas expressões não têm o mesmo sentido e por isso empregam-se em situações diferentes.

Para um uso correto, a palavra "derivado" deve ser acompanhada da preposição "de" (tal como o verbo derivar) e a palavra "devido" deve ser acompanhada da preposição "a" (tal como o verbo dever-se).

A expressão devido a significa: por causa de; graças a; em virtude de.


exemplos:  

  • O fornecimento de água foi suspenso devido a uma rutura dos canos;

  • É provável que o preço do gasóleo suba devido à subida do preço do barril;

  • Os dados são inconclusivos devido ao pequeno número de amostras.

  

A expressão derivado de significa: que se derivou; desviado (do seu curso); proveniente; originado;

exemplos:

  • O verbo propor é derivado do verbo pôr. (= proveniente de);

  • O iogurte é derivado do leite.

  • Estão proibidos quaisquer produtos derivados do petróleo.

Uso incorreto:

  •  Ele tem a perna engessada derivado ao acidente.

  • O carro derrapou derivado à chuva.

  • As pessoas vivem com dificuldades derivado à crise.

 

 

 

 

                             Trás /Traz

 

 

"Trás" é um advérbio de lugar, indicando uma situação posterior, ou seja, atrás, após. 


"Traz" é a forma conjugada do verbo trazer, que significa levar, transportar para perto de quem fala.

Trás: advérbio de lugar

O advérbio de lugar "trás" vem sempre acompanhado de uma preposição, normalmente "de" ou "para". É também uma palavra utilizada na locução prepositiva "por trás de". 

Exemplos:

  • As crianças devem viajar no banco de trás.

  • Quando ele a chamou, ela olhou para trás.

  • As cartolinas estão guardadas por trás do armário.

Traz: verbo trazer

"Traz" é a forma conjugada do verbo "trazer", na 3.ª pessoa do singular do presente do indicativo ou na 2.ª pessoa do singular do imperativo.

Exemplos:

  • Traz essa caixa! (2ª pessoa do singular do imperativo)

  • Não se preocupem, ele traz o material. (3ª pessoa do singular do presente do indicativo)

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Concordâncias com "a maioria das pessoas" 

Com a expressão «a maioria de», recomenda-se a concordância verbal no singular, com a palavra maioria.

 

Mas, como muitas vezes a construção «a maioria de...» tem por complemento uma expressão nominal no plural, aceita-se que o verbo ocorra também no plural, concordando com essa expressão nominal. Por outras palavras, não se pode dizer que estejam incorretas as sequências «a maioria das pessoas vivem» ou «a maioria das pessoas são».

 

Conclusão:

Recomenda-se: «A maioria das pessoas vive...»

Aceita-se: «A maioria das pessoas vivem...»

No entanto, é preciso observar outra construção diferente:

Olhemos para a frase: «A maioria das pessoas que vivem em...» 

Neste caso, o sujeito do verbo "vivem"  é o pronome relativo "que", e não "a maioria das pessoas", nem "as pessoas". O antecedente de "que" é, portanto, "as pessoas", e não "a maioria d(as pessoas)", e, como tal, o verbo "vivem" fica no plural.

Conclusão:

Está correto: «A maioria das pessoas que vivem em Faro...»

 

 

Escreve-se “de repente” ou “derrepente”?

 

A forma certa é “de repente”.

No dicionário, a expressão “de repente” significa "repentinamente, inesperadamente, subitamente, de golpe".

ex.: de repente, começou a chover

A expressão, formada pela preposição “de” com o substantivo “repente”, é uma locução adverbial. Como a preposição é antecedente do substantivo, não há junção das palavras, mas uma conexão.

Esse também é o caso das expressões: de resto, de rastos, de relance.

Mais exemplos;

Vera entrou de repente na aula.

De repente, o céu ficou nublado.
 

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Porque/por que

 

1. (advérbio interrogativo):

Utiliza-se “porque” em geral

nas frases interrogativas

e, portanto, na expressão

«porque é que».


Como e porque deixava ele o mundo? 

Joaninha, porque tens tu os olhos verdes?... 

Porque não tens tu voltado ao Montenegro?

Porque vieste tão tarde?

Porque… porque somos tão desgraçados?!...

 

2. (conjunção causal): Utiliza-se também “porque” nas orações causais («Fomos embora, porque se fazia tarde»). 

 

Ela ofereceu-me o livro porque já o tinha lido.


Ele chegou atrasado porque teve de ir resolver um outro assunto.


Eles estão felizes porque o filho lhes deu um neto.

 

3. (preposição “por” + “que” interrogativo ou relativo):Utiliza-se “por que” quando pode ser substituído por «por qual», «por quais», «pelo qual», «pela qual», «pelos quais», «pelas quais», ou seja, normalmente quando está presente na frase o substantivo a que o que se refere.

 

Por que motivo terá ela feito aquilo? (= por qual motivo)

Ele sabe por que caminho deverá enviar os seus homens. (=por qual caminho)

São muitas as provações por que temos de passar. (= pelas quais)


Ele desconhece a causa por que lutamos. (= pelas quais)

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Hades ou Hás de

"Tu hades ir ali." ou "Tu hás de ir ali."?

"Hades"  é o deus do mundo subterrâneo na mitologia grega (ou Plutão, na mitologia romana) e não uma forma verbal, portanto esta palavra não deve ser usada na frase acima.

"Hás de", a forma correta da segunda pessoa do singular do presente do indicativo do verbo haver, com a preposição de, é a forma correta a utilizar.

"Tu hás de ir ali."

 

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Título 6

 

"Houveram pessoas" ou "houve pessoas"?

 

 

Emprego de "Houveram":

Quando o verbo "haver" for equivalente a "ter", "obter", "conseguir" ou "alcançar". Nesses casos, ele deixa de ser impessoal e deverá ser conjugado para que estabeleça concordância com o sujeito da frase.

ex.: Houveram de esperar um longo tempo para serem atendidos pelo médico. (sentido de "tiveram")

ex.: Os filhos houveram do pai tudo que quiseram. (sentido de obtiveram)

Emprego de "Houve":

 

a) No sentido de existir, acontecer, o verbo haver é sempre impessoal: não tem sujeito e, por isso, apenas se emprega na 3.ª pessoa do singular.

 

ex.: «Houve meninos que não estudaram» e não: «houveram meninos…»

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VÍRGULA SIM OU VÍRGULA NÃO?

A vírgula é, e digo-o convictamente, o sinal de pontuação que mais dor de cabeça dá a quem escreve. Mesmo para quem tem boas competências de escrita, muitas vezes a hesitação surge: “Deve-se ou não colocar uma vírgula neste contexto?”

Há quem conheça as regras do uso da vírgula e as aplique bem, há quem as desconheça totalmente e ainda há quem ache que a vírgula de pouco ou nada serve. Será mesmo assim?

Convido-o a analisar comigo as frases seguintes, que diferem apenas na presença vs. ausência de vírgulas. Poderá comprovar que, de facto, uma vírgula pode alterar o significado de uma frase:

1 - O irmão da Ana que mora em Paris não vem ao casamento.

2 - O irmão da Ana, que mora em Paris, não vem ao casamento.

A frase (1) tem um significado diferente da frase (2), concorda? Siga, por favor, o meu raciocínio:

Na frase (1), a oração “que mora em Paris”, estando sem vírgulas, restringe o âmbito do nome irmão, ou seja, indica-nos que só o irmão da Ana que reside em Paris é que não vem ao casamento (dando-nos, assim, a ideia de que a Ana tem mais irmãos para além desse).

Na frase (2), a oração “que mora em Paris”, estando entre vírgulas, dá-nos uma informação acessória, pelo que a sua omissão não altera o sentido global da frase: o irmão da Ana não vem ao casamento (concluindo nós que ela só tem um irmão).

A presença vs. ausência de vírgulas determinou, efetivamente, uma mudança de significado nestas frases.

Feita uma reflexão sobre a importância da vírgula, vejamos, agora, em linhas gerais, os contextos obrigatórios e proibidos do uso da vírgula.

A vírgula marca uma pausa breve e deve ser usada nos principais casos que se seguem:

CASOS OBRIGATÓRIOS

1 . Usa-se para separar a saudação do vocativo: Boa tarde, Mafalda.

2.  Usa-se para separar orações relativas explicativas: O Luís, que é o melhor aluno da turma, recebeu um prémio de mérito.

3.  Usa-se para separar expressões adverbiais de tempo, de lugar, de modo, etc.: Na semana passada; em Coimbra; na sequência do seu contacto telefónico…

Em suma, a vírgula usa-se para separar elementos que não são essenciais na frase, isto é, que podem ser omitidos sem que a frase fique incompleta ou incorreta. Pelo contrário, todos os elementos que são fundamentais para a compreensão de uma frase nunca se separam por vírgula. Ora vejamos os principais casos:

Casos proibidos

1.  Entre o sujeito e o predicado: A livrança proveniente do contrato de Leasing, foi anulada.

2.  Entre o verbo e os seus complementos: O diretor informou os colaboradores, de que o horário das reuniões será alterado.

3.  A separar uma oração relativa restritiva: Os atletas, que não passarem na fase eliminatória, não poderão participar na Final.

Termino com um desafio: por que razão a frase seguinte, sem quaisquer vírgulas, não está correta?

* Os linces que são mamíferos estão em vias de extinção.

Vista a bata de linguista e, com uma lupa, analise minuciosamente a frase acima. Tenho a certeza de que chegará a uma boa conclusão!

Sandra Duarte Tavares, Revista Visão

http://visao.sapo.pt/opiniao/bolsa-de-especialistas/2018-09-13-Virgula-sim-ou-virgula-nao-

Título 6
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