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ENTREVISTAS

       Nesta edição do jornal, fizemos uma entrevista a alguns

alunos, à Sra. Enfermeira e à Sra. Psicóloga  da                   

escola, sobre ser adolescente  em casa  e na escola.                                                                 

 

 

Alunos

             Adolescência e escola:

1-A adolescência tem alguma influência na tua vida escolar?

Aluno 1: Não

Aluno 2: Não

2- Qual é a parte mais difícil de ser adolescente na escola?

Aluno 1: A parte mais difícil de ser adolescente na escola é ser julgada.

Aluno 2: A parte mais difícil para mim talvez seja focar-me, pois penso mais em outras coisas.

3-Qual a diferença na vida na escola enquanto criança e enquanto adolescente?

Aluno 1: Quando somos crianças, brincamos e divertimo-nos, quando crescemos  somos mais responsáveis.

Aluno 2: Eu acho que a diferença é que, quando somos crianças, aprendemos mais facilmente, mas na adolescência pode não ser tão fácil pois acabamos por ter mais dificuldades e pode ser mais difícil esclarecer dúvidas.

           Adolescência e família:

4- Com a  adolescência sentes que os teus familiares te dão mais liberdade ?

Aluno 1: Não tenho muita liberdade, é muito stressante. 

5-Sentes que houve uma alteração na tua relação com a família desde que entraste na adolescência? Consegues dar alguns exemplos?

Aluno 1: Sim, stress, irritação por pouca coisa.

Aluno 2: Eu acho que não houve nenhuma alteração, pois sinto que estou igual com a minha família.

     Adolescência e desenvolvimento físico e psicológico:

6-Sentes que mudaste psicologicamente? De que forma?

Aluno 1: Sim, pensamentos demais.

Aluno 2: Acho que sim, mudei um pouco a minha forma de fazer as escolhas.

7- Achas que a tua relação com amigos/colegas mudou? Porquê?

Aluno 2: Acho que não tenha mudado, continuamos iguais de qualquer forma.

8-Como é para ti ser adolescente?

Aluno 2: Acho que é normal, algumas coisas podem mudar, como amizades, podemos ter discussões com amigos, mudar de pensamentos e a forma de agir, pode ser complicado mas são apenas fases.

9- Que alterações físicas sentiste quando entraste na adolescência? 

 

Aluno 1: Dores de cabeça, no corpo.

Aluno 2: De físicas não senti nada de mais.

                                                                                    Enfermeira

-Quais são as alterações físicas principais que existem no corpo?  

Existem várias transformações físicas, transformações comuns no rapaz e na rapariga. Nas raparigas é o crescimento do peito, alargamento das ancas e estreitamento da cintura e alterações ao nível dos órgãos genitais e a grande marca é o aparecimento da menstruação. A primeira vez que uma rapariga se depara com a menstruação, é chamado de menarca e quando termina chama-se menopausa. As próprias glândulas sebáceas ficam diferentes, a rapariga pode ter borbulhas, acne, que é comum entre o rapaz e a rapariga e o próprio cheiro fica mais forte. As transformações físicas nos rapazes são: crescimento de pelos, mudança da voz, alteração da laringe, aparecimento da barba e bigode, alargamento dos ombros e a saída de espermatozoides pelo pénis. 

As alterações físicas em ambos tem como objetivo a reprodução. 

 

-Como é que os adolescentes reagem a essas alterações?

 

Podem reagir de diferentes maneiras: há quem fique assustado, envergonhado, pessoas que ficam com ansiedade, porque realmente o corpo está a mudar, a ideia de pensar está a mudar. Podem até surgir alguns conflitos ou em casa ou com amigos, porque o próprio adolescente está a atravessar transformações e alterações e vai ter que encarar, viver com elas. Podem surgir sentimentos de angústia, raiva, medo. Há quem fique também contente com essas alterações. Portanto, também há aqui um misto de sentimentos e emoções e, por isso, tanto os jovens como as pessoas com quem eles convivem têm que ter muita paciência nesta fase.

 

-De entre todas as preocupações, quais provocam mais ansiedade?  

 

Depende do jovem, depende como está a viver esta fase da sua vida, mas as meninas têm sempre mais preocupações sobre como o corpo vai ficar, com o aspeto físico

- Que conselhos dá aos alunos para lidarem melhor com esta fase?  

Os conselhos que eu posso dar são falar sobre isso. Eu acho que é importante nós falarmos sobre esta fase da vida porque é importante que os alunos percebam que, tal como o nome diz, é uma fase e que eles já passaram por outras fases que, se calhar, também lhes causaram mudança, mas de que eles já não se lembram: Por exemplo: começar a andar, perder os dentes, começar a andar de bicicleta, entrar na escola. São tudo fases e etapas na nossa vida e a adolescência é mais uma.

 

Claro que agora a perceção que eles têm da vida e do mundo é um bocadinho diferente, mas é importante fazê-los ver que temos que aceitar as diferenças e que somos todos diferentes, que estão num período de crescimento. Ou seja, como é que eles vão ficar na idade adulta ainda não se sabe, também depende dos géneros, como é que é o pai, como é que é a mãe... não é verdade? Outra coisa de que eu também gosto de falar é sobre as diferenças entre um rapaz e uma rapariga: estas alterações surgem primeiro na rapariga. As raparigas atingem um processo de maturidade um bocadinho mais cedo e acho que tem que haver respeito mútuo. Os rapazes têm que perceber que elas estão num estádio de maior maturidade e elas também têm de compreender que os rapazes demoram mais tempo a alcançar esse estádio. Estas alterações surgem primeiro na rapariga por volta dos oito, nove anos, nos rapazes um bocadinho mais tarde, lá para os onze, doze anos. É uma questão de respeito, de tolerância, de aceitar aquilo que está a conhecer.

 

 

                                                                                               

 

 

 

 

 

 

 

 

Psicóloga

 - Quais as alterações psicológicas/ emocionais que os adolescentes apresentam nesta fase?

São muitas! Eu costumo dizer que a adolescência é como uma espécie de tsunami, é uma fase muito interessante e curiosa. A nível do desenvolvimento físico, há sempre grandes alterações, começando com a parte hormonal. Vocês veem todas as diferenças nos rapazes e nas raparigas e sentem também as diferenças que há a nível físico. Depois, a nível emocional e falando aqui mais em termos psicológicos, nós temos o nosso cérebro e há uma parte dele que é responsável por regularmos as nossas emoções, que é aqui o cortex frontal que, na fase da adolescência, ainda não está totalmente desenvolvido: O que isto quer dizer, é aquilo que nós vemos nos adolescentes, os picos, não é? De repente estão muito bem, como estão muito irritados. Estas emoções estão a ser geridas, de certa forma, por uma coisa que está no nosso cérebro, chamada "amígdalas" que, de certa forma, não as controla, só as sente. O córtex frontal é que faz esse autocontrolo, mas, como ainda está numa fase de evolução, vocês sentem essa oscilação em que já são muito crescidos, mas, ao mesmo tempo, têm alguma impulsividade nas vossas emoções. 

 

-Como é que os adolescentes reagem a essas alterações?

Tal como eu estava a explicar, para os adolescentes é tudo para agora, não é? Vocês veem os adolescentes a falar muito alto, a questão dos grupos... tudo tem que ser vivido de uma forma muito intensa porquê? Porque eles estão a sentir tudo aquilo que é o crescimento e querem experimentar tudo ao mesmo tempo. Então, quando nós olhamos para os adolescentes, e vocês estão a iniciar essa fase, vemos isso. Mas, se vocês se afastarem um bocadinho e olharem para os vossos colegas, já perceberam que eles estão sempre muito agitados. Porquê? Porque estão na fase de experimentar e a parte das emoções também acaba por ser mesmo isso e há uma grande transformação do corpo, levando-os a interrogarem-se: "O que se está a passar com o meu corpo?"

- De entre todas as preocupações, quais provocam mais ansiedade? 

Como eu disse na resposta à primeira pergunta, é uma fase de experimentar, porque, de repente, começamos a perceber o mundo de outra forma, a querer explorar o mundo... Mas aqui, uma das coisas que pode criar maior ansiedade ao adolescente é "se não for aceite", "se não for valorizado pelos colegas", "se precisar de fazer alguma coisa para pertencer àquele grupo" e "se me colocarem de parte". E isto, eu acredito que seja o fator de maior ansiedade nos adolescentes, que é o ser aceite pelo grupo, pelos colegas e ser valorizado pelos colegas. Porquê? Porque o grupo da vossa faixa etária começa a ter muita importância. Isto é assim! Na infância, os pais são tudo é a nossa zona de conforto. Por isso é que se diz que, quando nós entramos na adolescência, entramos na fase do armário, parece que, de repente, estamos num armário e que só vivemos para os nossos colegas, que tudo se resume aos nossos colegas. E muitas vezes há aqui muitos desafios na relação com os pais porquê? Porque os adolescentes começam a argumentar, começam a exigir, a questionar, começam a ter outros interesses e os pais, de repente, veem que o filhote pequenino, de um momento para o outro, já começa a pedir outras coisas que até então não tinha pedido.  Às vezes há aqui a dificuldade de comunicação, também, com os pais. dificuldade de comunicação com eles também pode ser um fator de ansiedade para o adolescente 

- Que conselhos dá aos alunos para lidarem melhor com esta fase?

Primeiro de tudo, que a aceitem como ela é, porque isto há muitas questões biológicas, como nós falámos, a questão neurológica, do cortex frontal, da questão hormonal, de perceber que é uma fase normal dentro do desenvolvimento do ser humano. Nós nascemos, somos pequeninos, vivemos a nossa infância e, de repente, começamos a fase da adolescência. Sabem que a adolescência vem do latim "adolescer", que significa "preparação para a vida adulta" e isto é a adolescência: preparar-nos para a próxima fase que vamos ter de jovens adultos.

Agora, o conselho que eu dou é que vivam, que saibam fazer as escolhas certas, o que é certo e o que é errado, porque vocês vão ter aquela necessidade de experimentar, mas devem perceber que há coisas que eu vou experimentar e me vão prejudicar e há outras que vou experimentar e que, se calhar, está tudo bem.  E devem ter muita atenção ao efeito e influência do grupo, perceber sempre que isto vai correr bem para o meu lado. Se calhar vou fazer bem experimentar não ir sempre pelo efeito de grupo, pensar pela nossa cabeça... 

Mas viver nessa fase é muito bom! Começam os primeiros namoricos, é muito giro. (risos)

Jornalistas: Beatriz Leal, Helena Fonseca e Sofia Leal

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